Símbolos dos movimentos sociais que batalham por uma vida digna, polêmicas e reivindicativas, as ocupações se caracterizam por recuperar edifícios vazios e convertê-los em residências ou centros culturais. Sempre à sombra do desalojamento, em muitas ocasiões são uma denúncia à especulação imobiliária e um grito ao direito à moradia. Hoje, imergimos nessa cultura para visitar 14 ocupações que são referências no mundo. Confira:
59 Rivoli, de banco passou a ser residência de artistas (Paris, França)
Em 1999, o grupo de artistas ‘Casa de Robert, Eléctron Livre’ ocupou o edifício de um grande banco que estava situado em uma das ruas comerciais mais importantes de Paris para transformá-lo e acomodar artistas do mundo todo. Em 2001, a prefeitura comprou, legalizou e mudou o nome do imóvel, permitindo aos ocupantes seguir sua arte pelo módico preço de 130€ ao mês (cerca de R$ 470). Sob o convite: “o que você está fazendo agora?”, o museu recebe anualmente em torno de 40 mil curiosos que preferem essa alternativa gratuita ao Louvre ou ao Pompidou.Rote Flora: quando o povo pode mais do que o dinheiro (Hamburgo, Alemanha)
Uma das ocupações mais polêmicas é, sem dúvidas, a Rote Flora, na Alemanha. Trata-se de um antigo teatro ocupado em 1989 e que, desde então, se converteu em um centro cultural muito ativo e um símbolo da esquerda alemã. O Senado vendeu o imóvel a uma pessoa que, ao anunciar que ia demoli-lo, provocou múltiplas manifestações. As mobilizações foram tão espetaculares que o governo alemão retificou e assegurou que o Rote Flora seguiria ativo como centro cultural.Bloques Fantasmas: “okupa e resiste” (Barcelona, Espanha)
Barcelona é a cidade europeia que conta com mais casas ocupadas por metro quadrado ou, ao menos, a que tem mais casos famosos na prensa, como o Can Vies ou La Carbonera. A essa lista se somam os Blokes Fantasmas, um conjunto de apartamentos no bairro de La Salut, que funciona como centro cultural alternativo. Chama atenção a mensagem poderosa e visual em seu telhado: “Okupa y resiste”, e o desenho da fachada.Tacheles, a ocupação mais famosa do mundo
Talvez Tacheles seja a ocupação mais famosa do século 21, mesmo que seu nascimento remonte a 1908, quando se ergueu como shopping. Durante a Segunda Guerra Mundial, esteve nas mãos da SS nazista, e depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, com sua demolição aprovada, um grupo de artistas ocupou o local e o converteu em um centro de referência para exposições. Sem resistência nem violência e com um acordo de um milhão de euros, os últimos inquilinos foram desalojados em 2012.Casa Vrankrijk: o emblema da ocupação (Amsterdã, Holanda)
O movimento okupa era um fenômeno social na Holanda, país vanguardista na liberdade cidadã e com uma ministra da Cultura que já foi ocupante, até que, em 2010, ocupar se transformou em um delito. Um dos edifícios mais conhecidos desse glorioso passado é a casa Vrankrijk, ocupada desde 1982 para evitar que fossem construídos apartamentos no seu lugar. Foi comprado por seus novos inquilinos em 1992 e tem um café onde se debate globalização.Prestes Maia, o maior arranha-céu ocupado (São Paulo, Brasil)
Todos os exemplos dos que falamos antes ficam pequenos diante do Prestes Maia, um arranha-céu de 22 andares situado em São Paulo. Nele, vivem organizadamente cerca de 1,5 mil pessoas. Antes, o edifício era uma fábrica têxtil. Ele foi abandonado e, em 2010, começou a ser ocupado, até se converter em uma cidade vertical.
O Prestes Maia é um dos maiores arranha-céus ocupados do mundo desde que desalojaram a Torre de David, um edifício em Caracas (Venezuela) no qual, durante anos, também viveram centenas de famílias.Forte Prenestino, uma ocupação atípica (Roma, Itália)
Roma guarda entre suas muralhas o imóvel que concorre ao prêmio de ocupação mais especial. Trata-se de um antigo forte militar que há 30 anos funciona como um centro social autogestionado em que se realizam exposições, shows e atividades culturais.Casas Brixton: 32 anos sem pagar aluguel (Londres, Inglaterra)
Durante 32 anos, mais de 72 pessoas ocuparam sete casas de estilo vitoriano situadas no bairro londrino de Brixton, que eram propriedade do Estado. Não pagavam aluguel, mas a Prefeitura tinha conhecimento da ocupação e fazia vista grossa. Isso mudou em 2013, quando decidiu-se desalojar os moradores para vender a propriedade.La Carbonera: um grande graffiti para lembrar (Barcelona, Espanha)
Apesar de não ser mais uma ocupação, La Carbonera sempre terá entre suas paredes a recordação do que foi um dia. O motivo? A Prefeitura de Barcelona catalogou o edifício, o que significa que o graffiti pintado ali nunca poderá ser eliminado. O imóvel, também conhecido como La Carbonería ou Casa Tarragó, esteve ocupado até 2014 e atualmente é o edifício mais antigo do bairro de Eixample.Tommy Weissbecker Haus: uma ocupação legal (Berlim, Alemanha)
No colorido distrito de Kreuzberg se destaca essa casa, facilmente identificável pelo impressionante graffiti que cobre toda a lateral do edifício. Fundada em homenagem a Tommy Weissbecker, um jovem anarquista morto em uma tentativa de prisão pela polícia, foi ocupada em 1973 por jovens sem-teto ou que haviam fugido de casa e buscavam um lugar para passar a noite. Atualmente e de maneira legal, continua fiel a essa filosofia, com uma sala de concertos e um pub incluídos.The Snakehouse: de ocupação a edifício de luxo (Amsterdã, Holanda)
Voltamos a Amsterdã para falar do The Snakehouse, um prédio de quatro andares ocupado desde 1983 em que conviviam e trabalhavam 10 artistas. Referência artística na cidade, foi derrubado há poucos meses. Em seu lugar, construíram, paradoxalmente, apartamentos de luxo.The Castle, uma casa para 100 pessoas (Londres, Inglaterra)
Que o preço dos imóveis tomam o rumo da órbita de Saturno, já se sabe. Se você é jovem, não é rico nem famoso e quer viver em uma cidade como Londres, isso fica ainda mais claro. Diante dessa situação, sempre se pode aplicar o “faça você mesmo”. Este edifício de cinco andares de antigos escritórios na cidade do Tâmisa é um bom exemplo: nele vivem cerca de 100 pessoas, uma forma de resposta direta à falta de moradia e de espaços culturais para a juventude. De vez em quando, os jovens organizam uma rave e se esquecem dos preços dos aluguéis.Kukutza: uma fábrica ocupada e polêmica (Bilbau, Espanha)
Um caso muito conhecido é o do centro cultural Kukutza, em Bilbau. Uma fábrica ocupada de 1996 a 2011 que se tornou referência, e cuja desocupação foi uma das mais polêmicas já vistas. O resultado: 140 mil euros em danos, 64 detidos e 72 denúncias de lesões.Teufelsberg: uma escola nazista transformada em galeria urbana (Berlim, Alemanha)
Entre ocupação e galeria alternativa de arte urbana, encontramos Teufelsberg, uma escola militar nazista que, a partir dos anos 50 foi utilizada pelos estadunidenses como centro de espionagem (a chamam de colina dos espiões). Atualmente está abandonada, e suas instalações foram completamente grafitadas. Para chegar lá, é preciso caminhar durante 20 minutos em um bosque lindo, de onde se vê toda Berlim! Não há uma contagem oficial de quantas pessoas vivem ali, mas há dezenas de pessoas que pernoitam nas instalações.- Tags descritivas:
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